Leandro Couri/EM/D.a press Enquanto outros segmentos amargam dívidas e problemas sem precedentes, em lojas especializadas de bicicletas o volume de clientes aumentou
Marcos Vargas, que administra o negócio de família e está há 44 anos no mercado, avalia que a alta do segmento não deve ser momentânea. “Vai perdurar por um tempo, pois as pessoas estão receosas com as aglomerações. A gente percebe isso nas falas dos clientes. Por outro lado, as academias vão ficar prejudicadas até que a confiança do cliente volte”, analisa. Ele reforça as situações que dão impulso à alta: pessoas impedidas de malhar como de costume, aquelas que não querem nem ouvir falar em ônibus e metrôs lotados e o tédio de permanecer longos períodos em casa.
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E mesmo o prazo dilatado não tem sido garantia de cumprimento. “Um fornecedor para quem fizemos o pagamento à vista de 300 bikes, com promessa de entregar dia 20, fez contato três dias depois da data para dizer que não conseguiria entregar a mercadoria, quitada um mês antes”, relata. A solução, segundo ele, é ter visão de mercado e aumentar a estrutura. “A procura está muito grande. Nossa demanda triplicou, e acredito que se tivéssemos uma estrutura maior, dava até para quintuplicá-la”, arrisca.
A falta de reposição de artigos importados, diante da dificuldade de passar pelo processo alfandegário, seria uma grande oportunidade para fornecedores nacionais, mas empresários destacam o problema que enfrentam com a entrega. Na loja Na Trilha Certa, na Savassi, Centro-Sul da capital, o gerente, Laudner Fonseca Coelho de Oliveira, conta que, além da dificuldade de repor produtos, têm faltado até itens básicos, como capacetes e luvas.
Leandro Couri/EM/D.a press Ana Lúcia da Silveira comprou uma bike em maio para pedalar com o namorado. Agora, diz que ela já se incorporou à rotina
VIROU HÁBITO Circulando pelas ruas de BH, não é difícil localizar alguém com uma bicicleta nova adquirida na pandemia. Ana Lúcia da Silveira, de 23 anos, comprou uma mountain bike em maio para pedalar com o namorado, que já pratica há mais tempo. “A gente ia a academias. Depois nos adaptamos para a bike. Para mim, é um esporte que surgiu na pandemia e foi se incorporando à rotina, sem que eu percebesse. Meu namorado me iniciou e agora eu não saio de casa sem ela. À padaria ou ao trabalho, só vou de bicicleta.”